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Carteiras de renda fixa apresentam recuperação
A combinação rentabilidade melhor e esforço menor dos bancos em vender CDBs está aos poucos trazendo de volta os investidores para a renda fixa.
Luciana Monteiro
A combinação rentabilidade melhor e esforço menor dos bancos em vender CDBs está aos poucos trazendo de volta os investidores para a renda fixa. Números do site Fortuna mostram uma recuperação em termos de ingresso de recursos nas carteiras que podem aplicar em papéis prefixados. Na semana entre os dias 6 e 13, a categoria teve captação de R$ 812 milhões, revertendo os resgates até então apresentado no mês. Com isso, as carteiras de renda fixa apresentam em fevereiro captação de R$ 785 milhões até o dia 13. No ano, entretanto, as saídas de recursos superam as entradas em R$ 3,508 bilhões.
De acordo com as informações do relatório semanal do Fortuna, desde novembro de 2008, os resgates mensais nos fundos de renda fixa foram sempre superiores a R$ 4 bilhões. O documento mostra, ainda, que do total de 54 gestoras de fundos de renda fixa, 32 apresentaram captação positiva em fevereiro, totalizando R$ 1,63 bilhão. Na ponta oposta, 22 instituições sofreram resgates, de R$ 846 milhões no mês.
"A recuperação da captação (...) da renda fixa parece estar relacionada com a sua rentabilidade passada", avalia o Fortuna, ressaltando que nos últimos três meses o ganho médio dos fundos da categoria superou o CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro) em todos os meses. Em fevereiro, a rentabilidade média dos fundos de renda fixa praticamente empata com o CDI: retorno de 0,46% até o dia 13 para 0,47% do referencial.
O melhor desempenho dessas carteiras se deve principalmente à recuperação dos preços dos títulos prefixados e dos papéis indexados ao IPCA, lembra André Schibuola, sócio da Precision Asset Management. No caso dos ganhos com prefixados (Letras do Tesouro Nacional, LTN), os retornos vieram com o corte de 1 ponto percentual na taxa de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom), acima da redução de 0,75 ponto estimada pela maioria dos analistas em janeiro.
Com relação aos títulos atrelados ao IPCA, as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), houve um recuo nos juros pagos, o chamado cupom. Quando o juro do papel cai, o preço sobe, trazendo ganhos para as carteiras que têm esses papéis. Para se ter uma ideia, a NTN-B com vencimento em maio de 2017 pagava em janeiro 8,24% além da variação do IPCA no Tesouro Direto. Esse juro ontem era de 7,42%.
O problema é que, devido às constantes mudanças de cenários provocadas pela crise financeira, há dúvidas se a valorização desses títulos será consistente ao longo do tempo, alerta o relatório do Fortuna.
O menor esforço dos bancos em captar recursos via CDBs também são visíveis. Os dados do Banco Central mostram que essa modalidade de investimento teve captação de R$ 5,791 bilhões em janeiro, número bem abaixo dos R$ 14,154 bilhões no mesmo mês de 2008. "Alguns CDBs estão vencendo e os clientes já não conseguem mais as altas taxas vistas no ano passado", diz Schibuola. Com isso, muitos investidores estão voltando para o setor de fundos.
A recuperação no ingresso de recursos também pode ser vista nos fundos DI. Na semana entre os dias 6 e 13, essas carteiras tiveram aplicações de R$ 608 milhões, o que fez com que no acumulado do mês a captação somasse R$ 96 milhões. No ano até o dia 13, no entanto, os resgates superam as captações em R$ 241 milhões e, em termos de ganhos, rendem 1,48% no período para 1,52% do CDI.
Os multimercados registram ingresso de R$ 433 milhões em fevereiro até dia 13. O ganho médio da categoria, entretanto, é de 0,17% no mês, bem abaixo do 0,47% do CDI. No ano, a captação soma R$ 407 milhões e o retorno médio é de 1,48%, pouco abaixo do CDI.
Já os fundos de ações apresentam resgates de R$ 122 milhões no mês e de R$ 307 milhões no ano até dia 13. No mês, a categoria rende 5,97% para 6,04% do Ibovespa. No ano, o retorno médio é de 10,43% para 10,98% do índice.